quarta-feira, 22 de abril de 2009

Alma livre

Alma Livre

Poesia

Ilka Maia

PLANTA DA PEDRA

* * * * * * * * * * *

Sendo infeliz, sou livre, na infelicidade !

Alma liberta, sem grilhões nos pulsos,

Tenho o direito de liberdade !

Grito meu sentimento,

Sou dona dos meus impulsos !




E sei que há, neste mundo de fingimento,

Felicidades obrigadas !

Gente que leva mãos cheias

De ventura,

Pesadas

De cadeias !...




Sei que há vidas

Felizes, mediadas

A custo,

Ajustadas com jeito

Pelo que foi aceito

Ou que parece justo !




Sei que há bocas calando, à força de mordaças,

A verdade sentida que é preciso esconder !

Sei que o silencio imposto desabafa ameaças

Em suspiros que escapam das mordaças,

Exprimindo o que a boca não deve dizer !...




Sei que de instante a instante,

A censura condena e encarcera e oprime

O pensamento ! E, num instante,

Um homem se transforma num farsante,

Porque desejo é crime !




Sei que é mister gritar sem motivo,

Quando a alma sufoca e se revolta !

E, se um descuido solta

Recalques prisioneiros, há um gesto repressivo,

Um sarcasmo covarde, um sorriso evasivo...




Sei que as pálpebras tombam, trêmulas, medrosas,

Se um olhar perturba. Sei que, em defesa

De conceitos e normas sentenciosas,

No coração, como se esmagam rosas,

Destroem-se tesouros de Beleza !




Eu, não ! Sou quem sou, nesta minha desgraça,

Sem artifícios, nem algemas, nem mordaça !

Ninguém me vigia, nada me desgosta,

No que sinto, no que fiz !

Antes a dor liberta, que ventura imposta !

Sendo infeliz, sou livre na desgraça !

Não tenho a obrigação de ser feliz !

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 ˜'a criação de  hortas populares./(9)