Pra você que sofre naquelas conversas de buteco sobre capitalismo, exploração, lucros, investimentos e outros tópicos complicados da macroeconomia mundial, a CPN consultou especialistas para trazer a você um guia extremamente simples pra você entender como funciona a coisa.
Inicialmente a definição do capitalismo ideal: trata-se do sistema onde, ao se ter duas vacas, vende-se uma, compra-se um touro, eles se multiplicam, e a economia cresce, você vende o rebanho e aposenta-se, rico.
No capitalismo americano, com duas vacas, vende-se uma e força-se a outra a produzir leite de quatro vacas e fica-se surpreso quando ela morre. No capitalismo Enron, com duas vacas, vendem-se três para a sua companhia de capital aberto, usando garantias de crédito emitidas por seu cunhado. Depois faz-se uma troca de dívidas por ações por meio de uma oferta geral associada, de forma que você consegue todas as quatro vacas de volta, com isenção fiscal para cinco vacas. Os direitos do leite das seis vacas são transferidos para uma companhia das Ilhas Cayman, da qual o sócio majoritário é secretamente o dono. Ele vende os direitos das sete vacas novamente para a sua companhia.
O relatório anual diz que a companhia possuioito vacas, com opção para mais uma. Você vende uma vaca para comprar um novo presidente dos EUA e fica com nove vacas. Ninguém fornece balanço das operações e o público compra o seu esterco.
No francês, ao se ter duas vacas, entra-se em greve porque se quer ter três.
Já os canadenses, usam o modelo americano e as vacas morrem. Você acusa o protecionismo brasileiro e adota medidas protecionistas para ter as três vacas do capitalismo francês.
No Japão, redesenham-se as duas vacas para que tenham um décimo do tamanho de uma vaca normal e produzam 20 vezes mais leite. Depois criam-se desenhinhos de vacas chamados Vaquimon, vendidos para o mundo todo.
Na Inglaterra, você tem duas vacas e as duas são loucas. Na Alemanha, as duas vacas produzem leite regularmente, segundo padrões de quantidade e horário previamente estabelecidos, de forma precisa e lucrativa. Mas o que você queria mesmo era criar porcos.
Na Rússia, você tem duas vacas. Conta e vê que tem cinco. Conta de novo e elas são 42. Conta de novo e há 12 vacas. Você pára de contar e abre outra garrafa de vodca. Na Suíça, você tem 500 vacas, mas nenhuma é sua e, em Portugal, você tem duas vacas e reclama porque seu rebanho não cresce.
Na China, você tem duas vacas e 300 pessoas tirando leite delas. Você se gaba de ter pleno emprego e alta produtividade. E prende o ativista que divulgou os números. Na Índia, você tem duas vacas e ai de quem tocar nelas.
Na Argentina, você tem duas vacas e se esforça para ensiná-las a mugir em inglês. As vacas morrem e você entrega a carne delas para o churrasco de fim de ano do FMI.
Na holanda, você tem duas vacas. Elas vivem juntas, não gostam de touros e tudo bem. Já na Espanha, Você tem muito orgulho de ter duas vacas.
No Brasil, você tem duas vacas. Uma delas é roubada. O governo cria a CCPV - Contribuição Compulsória pela Posse de Vaca. Um fiscal vem e te autua, porque, embora você tenha recolhido corretamente a CCPV, o valor era pelo número de vacas presumidas e não pelo de vacas reais. A Receita Federal, por meio de dados também presumidos do seu consumo de leite, queijo, sapatos de couro, botões, presumia que você tivesse 200 vacas e, para se livrar da encrenca, você dá a vaca restante para o fiscal deixar por isso mesmo..
Nenhum comentário:
Postar um comentário